Saturday, May 20, 2006

LUÍSA DACOSTA É CREDORA DE GRANDE GRATIDÃO


O texto que se segue foi, na sua data, publicado no jornal “O Comércio da Póvoa”Reedito-o aqui, nesta oportunidade, confiado que a actual Junta de Aver-o-Mar terá em conta remediar, de algum modo, a ingratidão da freguesia com a responsabilidade da anteriorJunta para com Luísa Dacosta.



Luísa Dacosta“...é credora de eterna gratidão...”
Em caixa, na primeira página deste nosso jornal de 14/8, é referido assim o preito que a Câmara da Póvoa , rende, em sua acta 12/97, com a promessa “de mais condigna homenagem que a seu tempo promoverá ...” à insigne escritora vila-realense transmontana, na oportunidade da manifestação calorosa de apreço e simpatia que a “Comunicada Escolar da Francisco Torrinha” lhe dispensou na qualidade da sua prestigiante professora que passa à situação de aposentada.
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No excerto não é referida Aver-o-Mar concretamente, mas tão-somente a Póvoa de Varzim e “a alma do Poveiro presente em belíssimos textos, imperecíveis actos de amor”
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Engano a corrigir . Na verdade, Aver-o-Mar pertence ao concelho da Póvoa, mas o Averomarense tem identidade própria e foi ele, foi este povo, foram os homens e mulheres, simultaneamente pescadores, sargaceiros e camponeses desta terra de “A-Ver-o-Mar” que inspiraram as afectuosas “CRÓNICAS” de Luísa Dacosta, colectânea de textos de verdadeiro colorido local a tocar o poético e o nostálgico. Há ali a graça do coloquial com o acento fonético do linguajar da nossa gente. Sente-se e comunga-se da vivência das personagens no seu habitat. Há ali vida duramente vivida . Há alegria e tristeza . Há facécia e agrura nos diálogos que a autora tão fielmente sabe escutar.
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O drama está ligado ao rigor da existência dos protagonistas e figurantes reais destas peças. Luísa Dacosta condói-se e solidariza-se com o sofrimento das mulheres escravas que o "home" maltrata. Vai com elas na carroça para o campo e carrega-lhes os filhos ao colo. Sabe o nome de todas e familiariza-se com os apelidos por que são conhecidos os seus vizinhos. Refere-se às praias e penedias de que eu posso confirmar a precisão.
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Luísa Dacosta, por coincidência ou inspiração, lembra “Alphonse Daudet”, autor de “Lettres de mon moulin” Este escritor francês, nascido em Nimes, mas vivendo normalmente em Paris, adquire um “moulin à vent” numa colina da Provença e ali se isola , como autêntico eremita, e escreve suas “lettres de mon moulin” (cartas de meu moinho)que traduzem, com rigor, toda a paisagem da sua vivência local. A nossa escritora compra igualmente um moinho de vento assente sobre uma duna da praia de Esteiro, que adapta a residência de férias e escreve aí as suas “CRÓNICAS DE A-VER-O-MAR”, com personagens e elementos do ambiente que a rodeiam, procurando a fidelidade da cor local, e há elementos lexicais e fonéticos perfeitamente condizentes.
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Na minha actividade de professor das disciplinas de Francês e Português (língua e literatura), teria hoje planeado, para algumas aulas, um estudo comparativo ou uma análise intertextual das duas obras. Tenho-as aqui à mão e, pessoalmente, encanta-me verificar pontos de encontro e acentuado paralelismo em textos escolhidos para o efeito.Estou porém, também na situação de aposentado, mas fica aqui a promessa de que tudo farei para despertar as consciências para a gratidão que todos lhe devemos e, oportunamente, será prestada homenagem à altura do valor da minha emérita colega que, não obstante afastada agora das suas aulas na Escola Francisco Torrinha, Deus lhe conservará energia para continuar a docência no campo pedagógico de horizonte mais vasto.
17-08-97 . Dimas Maio

1 comment:

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